Croácia entra na zona do euro e é dominada por preços malucos. 23 anos depois de Itália, a 1 de Janeiro Zagreb adoptou o euro, ficando contudo deslocada pelos aumentos desproporcionados provocados pela conversão para a nova moeda, mas não só. Em poucos dias, os custos dos produtos e serviços cotidianos dispararam, provocando protestos dos cidadãos. O governo liderado pelo primeiro-ministro Andrej Plenkovic foi forçado a intervir, denunciando o caráter especulativo dos aumentos e anunciando a hipótese de uma “lista negra” de empresas que aproveitaram a entrada na moeda única para aumentar os preços.

Efeito euro na Croácia: aumentos descontrolados

A passagem ao euro é um ponto de viragem para o país dos Balcãs, o último a aderir à UE em 2013, que também aderiu ao espaço Schengen desde o início de 2023 para a livre circulação de pessoas e mercadorias.

A maioria dos aumentos excedeu em muito as taxas de conversão ao mudar da antiga moeda croata, a kuna, para o euro, com aumentos de preços de 5 a 20% em relação ao que os rótulos indicavam apenas em 31 de dezembro.

Com uma taxa anual de 13,9%, a Croácia não está isenta da onda inflacionária que assolou o mundo, mas como afirmou o ministro da Economia, Davor Filipovic, “no fim de semana de 31 de dezembro a 1º de janeiro não aconteceu nada que causasse tamanha aumento de preços”.

Em várias cadeias de supermercados do país balcânico, a maioria dos produtos alimentares básicos, como pão, manteiga e chocolate, tinha sofrido aumentos de preços de 5 a 20%.

Pelas análises efectuadas pelo Governo de Zagreb, os aumentos incidiram também no sector da restauração de 1 a 10% e no dos serviços, com subidas registadas entre 10 e 80%.

Efeito do euro na Croácia: intervenções do governo

O próprio primeiro-ministro Andrej Plenković foi um dos primeiros a acusar “uma secção de comerciantes e empresários de aproveitar a transição da kuna croata para o euro com este comportamento irresponsável”.

O primeiro-ministro prometeu que o governo “não hesitará em usar” as ferramentas à sua disposição para normalizar a situação. O executivo croata assume a adoção de medidas específicas até 12 de janeirocomo aumentos direcionados de impostos e taxas, abolição dos subsídios ao gás e à energia, mas, acima de tudo, considera trazer as tabelas de preços de centenas de itens de volta às aplicadas em 1º de dezembro ou 1º de novembro.

“Todos aqueles que aumentaram seus preços injustificadamente devem trazê-los de volta ao preço de 31 de dezembro. Não há razão justificada para tal aumento de preço”, explicou o ministro da Economia, Filipovic, “se certas coisas não estiverem em ordem até sexta-feira, há várias mudanças que podemos fazer” (aqui falamos sobre as alegações de manipulação de mercado nos preços da gasolina na Itália).

“Certamente estamos considerando a opção de um ‘lista de vergonha‘ e tornar públicos os nomes daqueles que trabalham para prejudicar os nossos cidadãos e aumentar a inflação”, alertou o chefe do Tesouro.

“Assim como limitamos os preços de nove produtos em setembro, podemos fazê-lo para 55, 100 ou 200 produtos”, explicou uma fonte do governo croata ao jornal croata Jutarnji List.

Declarações que não foram bem acolhidas pela categoria de comerciantes que, pelas palavras da presidente da associação de lojistas, Ana Kneževic, rejeitou as acusações ao remetente, negando categoricamente que existisse qualquer “rodada” geral. “É lamentável que tenham ocorrido abusos individuais – declarou – Não esqueçamos, porém, que a inflação já caminha à taxa de 13% e que no caso dos alimentos atinge picos de 19%” (aqui falamos sobre os níveis recordes atingidos pela inflação na Itália e o impacto nas famílias).