O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira, 13, que o governo acompanha junto com o Banco Central e instituições financeiras brasileiras a crise nos Estados Unidos com a falência de dois bancos desde a última sexta-feira. Haddad afirmou que não vê risco sistêmico na situação, mas avaliou a situação como grave.

 “Não sei se vai gerar uma crise sistêmica, aparentemente não. Eu não vi ninguém ainda tratar desse episódio como o Lehman Brothers. Mas o fato é que é grave o que aconteceu. O Fed agiu no fim de semana e nós vamos ver ao longo do dia para ver se a autoridade monetária do Brasil precisará tomar alguma consequência sobre efeito de economias periféricas”, disse o ministro durante evento promovido pelos jornais “O Globo” e “Valor Econômico” nesta segunda-feira, 13.

Haddad avalia que a falência foi provocada por um ‘descasamento’ na carteira do banco, entre os títulos que tinha e a taxa de juros vigente na economia. O ministro aproveitou a oportunidade para questionar o ciclo de alta nas taxas de juros das economias globais, inclusive a brasileira. Segundo ele, as autoridades monetárias precisam ter em mente o limite prudencial de elevação dos juros para que não desorganizem as economias de seus países.

“Qual é o limite que você tem para aumentar os juros sem desorganizar a economia como um todo, a quebradeira que pode vir de um descasamento das carteiras? Uma hora vai chegar a esse limite, e haverá mais dificuldade de buscar o centro da meta (de inflação) num período muito curto”, afirmou. 

De acordo com Haddad, que há pouco espaço para aumento de taxa de juros no mundo e que o Brasil está na contramão, com “uma gordura” que permite reduzir a taxa básica, hoje em 13,75% ao ano.  O patamar da Selic é um dos grandes embates entre o governo Lula e o Banco Central, de Roberto Campos Neto.  “E há uma gordura no Brasil, que permite a nós, tomando as providências que estão sendo tomadas (pela equipe econômica) e reconhecidas pelo Banco Central em atas… Penso que temos um espaço (para baixar juros) que o mundo não tem”, disse. Entre as medidas mencionadas por Haddad estão o pacote da equipe econômica para reduzir o rombo nas contas públicas esse ano e a apresentação de um novo arcabouço fiscal. Segundo o ministro, o plano do mecanismo que irá substituir o teto de gastos está pronto, mas aguarda aval de Lula para a apresentação.