De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), 45,5% dos consumidores chegaram em março com dívidas atrasadas por mais de 90 dias. A porcentagem representa um aumento tanto em relação a fevereiro (44,2%) quanto em comparação com março do ano passado (44%). “Quem tem dívidas atrasadas, acumuladas de meses anteriores, tem tido mais dificuldade de pagar, pois, com os juros mais altos, o valor da dívida não paga aumenta cada vez mais”, afirma o levantamento.

As dívidas pesquisadas pela CNC se referem a cartão de crédito, cheque especial, cheque pré-datado, crédito consignado, crédito pessoal, carnês, financiamento de carro, financiamento de casa e outras dívidas. As taxas de juros do crédito rotativo do cartão, por exemplo, estão em 417,4% ao ano, maior taxa desde 2017, segundo dados do Banco Central.

Apesar da preocupação com o aumento de famílias com dívidas atrasadas mais longas, o levantamento da CNC trouxe alguns sinais positivos. Além de não haver um aumento de famílias com dívidas (e vale ressaltar que o percentual estacionado é elevado, com 8 em 10 com dívidas), o comprometimento da renda caiu para o menor índice desde antes da pandemia. Segundo a CNC, esse indicador ficou em 29,9% dos rendimentos. Isto é, a cada 1.000 reais de renda, o consumidor gastou, em média, 299 reais com o dívidas.

Entre as famílias de menor renda, a redução da proporção dos endividados também foi acompanhada da queda do comprometimento da renda dessas famílias com dívidas. Os consumidores com renda até três salários mínimos fecharam o trimestre dedicando 30,9% da sua renda para pagar dívidas, o menor percentual desde junho de 2021.

Entre os mais ricos, por outro lado, a parcela média da renda comprometida com dívidas aumentou: 0,4 ponto percentual, entre os com 5 a 10 salários mínimos (29,4% da renda), e 0,3 p.p. entre os com mais de 10 salários mínimos (27% da renda).