São Paulo e Rio de Janeiro são segundo e terceiro colocados; Estados do Norte e do Nordeste possuem menores registros, demonstrando grande desigualdade social no território nacional

Adriano Machado/Estadão ConteúdoPalácio do Planalto
Palácio do Planalto, em Brasília, capital federal do Brasil

Uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) Social traça um panorama da concentração de riqueza no Brasil. De acordo com o levantamento, as unidades federativas que têm maior média de patrimônio são, na ordem decrescente: Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Na capital federal, o valor médio de patrimônio é de R$ 94 mil; em São Paulo, R$ 90 mil; e no Rio de Janeiro, R$ 63 mil. Quando as capitais são analisadas, Florianópolis lidera o ranking de renda média, de R$ 4,2 mil; seguida de Porto Alegre, com R$ 3,7 mil; e Vitória, R$ 3.730. O levantamento apresenta um detalhamento diferente, a partir da análise do Imposto de Renda da população brasileira, como explica o economista e pesquisador do FGV, Marcelo Neri: “Tradicionalmente, os estudos usam pesquisas domiciliares. Mas essas pesquisas, como a Pnad Contínua, são conhecidas por não captarem muito bem a renda dos mais ricos, do patrimônio, porque as pessoas não abrem, não recebem os entrevistadores e quando recebem não divulgam a renda. E o Imposto de Renda permite cobrir essa lacuna”.

Por outro lado, os Estados do Norte e do Nordeste do Brasil são os que possuem menor concentração de renda e patrimônio. Um dos principais resultados da pesquisa é de que o índice de desigualdade no país é mais alto do que se imaginava. Além disso, o levantamento aponta que durante a pandemia a desigualdade não caiu e que a classe média teve maior achatamento. “Os 10% mais ricos perderam 1,2%; o 1% mais rico perdeu 1,5%; enquanto o grupo do meio, a metade da população, perdeu 4,2%, três vezes mais que o topo”, diz o pesquisador. Um dado que chamou a atenção dos pesquisadores foi o impacto da pandemia na cidade de São Paulo. Entre 2019 e 2020, a renda da capital paulista teve queda de 12%, maior recuo entre as 20 cidades com rendas mais altas do país. Para o economista Marcelo Neri, o levantamento mostra não apenas a necessidade de adotar novas políticas públicas, mas também a necessidade de aprovar reformas como a administrativa e a tributária.

*Com informações da repórter Camila Yunes