Jean Paul Prates também afirmou que ‘PPI é abstração’, defendeu mudanças na política de dividendos e ressaltou que ‘não está havendo nenhum grau de intervencionismo’

Rodrigo VIANA / AGENCIA SENADO / AFPJean Paul Prates
Jean Paul Prates tem se posicionado de forma crítica ao PPI, afirmando que política só garante posição confortável ao concorrente

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu, nesta quinta-feira, 2, mudanças na política de preços e de dividendos da estatal. Em sua primeira coletiva de imprensa desde que assumiu o cargo, o ex-senador fez críticas à política de preços de paridade de importação para combustíveis (PPI), afirmou que a empresa estatal pratica preços competitivos para garantir sua fatia de mercado, e ressaltou que o PPI deixará de ser o “único parâmetro” para os preços que serão cobrados. “Para a Petrobras, PPI deixa de ser único parâmetro. Vamos passar por discussão. Toda a empresa faz isso. O PPI vai estar em vigor para o importador e para quem quiser importar. Quem era interventor era o governo anterior. O importador é meu competidor. Me obrigar a praticar o preço do concorrente não faz sentido”, disse.

“Não existe bala de prata. O próprio PPI é uma abstração, parece que virou um dogma. Não é necessariamente assim. O mercado brasileiro é diferente. A questão da política de preços do país é uma questão de governo. A Petrobras vai praticar preços competitivos de mercado nacional conforme ela achar que tem que ser, para garantir sua fatia de mercado. Se é o PPI o melhor preço, por acaso, que seja. Mas na maior parte das vezes talvez não seja. O PPI, para a Petrobras, só garante ao concorrente uma posição confortável”, argumentou. Ao longo da entrevista, Prates fez questão de demarcar uma separação entre a petroleira e o Palácio do Planalto e chegou a dizer que “não está havendo nenhum grau de intervencionismo” na estatal, mas destacou que “o governo atual também não gosta do PPI”. “O governo não acha o PPI adequado como referência nacional para um país autossuficiente em petróleo. E ele pode não gostar. Para mim, tanto faz. Estou gerindo uma empresa que vai praticar o melhor preço para ela”, resumiu. “O governo, em momento nenhum, chegou para mim e disse: ‘faça isso ou faça aquilo’. Não está havendo nenhum grau de intervencionismo na Petrobras. Tudo está sendo conversado, como ocorre com qualquer acionista controlador. E vamos continuar trabalhando assim”, acrescentou.

Na coletiva, Jean Paul Prates ainda comentou os megadividendos anunciados que serão distribuídos pela empresa, na casa de R$ 29 bilhões. Segundo ele, a Petrobras conta com uma regra escrita de distribuir trimestralmente 60% do lucro de caixa líquido e que a empresa pretende cumprir a regra. Em outro momento, o presidente da estatal também anunciou que a companhia irá focar suas estratégias futuras em uma transição energética com o objetivo de reduzir progressivamente a pegada de carbono da companhia. Um planejamento estratégico detalhado será apresentados em momento oportuno. “Vamos promover uma transição energética que não deixa ninguém para trás. Não pode deixar na mão a parte mais pobre da pirâmide, enquanto uma minoria fica mais rica. Devemos distribuir riqueza. Vamos investir principalmente em energia eólica e nas off shores. A Petrobras vai desbravar essas opções nos próximos anos de forma responsável e buscando parceiras com os maiores players do setor para implementar a descarbonização das operações e a economia de baixo carbono. A produção de óleo e gás ainda vai ser necessária para promover energia para o planeta. A produção do petróleo não vai desaparecer de uma hora para outra, mas a Petrobras não se furtará de investir em novas fronteiras. Queremos ser protagonistas da economia de baixo carbono”, afirmou.