Varejo ficou 0,9% acima do patamar pré-pandemia; setor acumula crescimento de 4,7% no ano e de 3,6% nos últimos 12 meses

EFE/ Sebastiao MoreiraEntre os destaques estão Distrito Federal, com 19,6%; Rio Grande do Sul, com 14,9%; e Amapá com 10,8%

Eduardo Mendes Rocha é sócio fundador de uma startup que vende calçados desde 2017. Em março deste ano, considerado o pior mês da pandemia da Covid-19 em São Paulo, o negócio teve uma queda brusca no faturamento. No mês seguinte, entretanto, a situação melhorou e a empresa teve crescimento de 40% — trajetória que vem se mantendo. Para o mês de julho, às expectativas do Eduardo permanecem otimistas. “Acredito que muitas notícias, os ânimos perante a pandemia, e as coisas gradualmente, o comércio voltando, tudo voltando, acho que com certeza isso influência diretamente nas compras do varejo. No nosso caso, bem mais pesado no e-commerce. Mas a gente consegue ver claramente isso.”

Segundo dados do IBGE, as vendas no comércio varejista subiram 1,8% em abril na comparação com o mês anterior. Sendo a maior alta para o mês desde 2000, após queda de 1,1% em março. Com isso, o varejo ficou 0,9% acima do patamar pré-pandemia. O setor acumula crescimento de 4,7% no ano e de 3,6% nos últimos 12 meses. O resultado positivo atingiu sete das oito atividades analisadas pela pesquisa. A maior alta, de 24,8%, foi a de móveis e eletrodomésticos. Outras variações positivas vieram dos setores de tecidos, vestuário e calçados — com 13,8% — e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação com 10,2%. Segundo o coordenador da Sondagem do Comércio do FGV IBRE, Rodolpho Tobler, um dos responsáveis pelo crescimento é o auxílio emergencial pago pelo governo federal. “Eles acabam sendo muitos sensíveis às medidas restritivas, sofrem muito o impacto da restrição de funcionamento e circulação dos consumidores. Mas, então, quando tem uma certa flexibilização, quando há o início dessa nova rodada do auxílio emergencial, os segmentos tem uma recuperação natural.”

Já o setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo foi o único a ter retração frente ao mês anterior — com queda de 1,7%. Ainda segundo Rodolpho Tobler, a queda é consequência da flexibilização da quarentena. “Ele acaba não sendo impactado pelas medidas restritivas, as pessoas acabam consumindo mais quando os outros estabelecimentos estão fechados. É onde se pode comprar as coisas, onde está liberado sem restrição. Quando chega em abril, com a flexibilização, é natural uma certa queda porque tem uma competição com os outros setores.” Em março, frente ao mês anterior, o comércio varejista cresceu em 21 das 27 unidades da federação. Entre os destaques estão Distrito Federal, com 19,6%; Rio Grande do Sul, com 14,9%; e Amapá com 10,8%. Já Mato Grosso teve queda de 1,4%; Alagoas, de 1,1%; e Sergipe, de 0,8%.

*Com informações da repórter Caterina Achutti 



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